Nota de Solidariedade e Repúdio à Perseguição Política contra Trabalhador da Educação em Bento Gonçalves (RS)

A Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal da Fronteira Sul (SINDUFFS), vem a público manifestar sua irrestrita solidariedade ao professor da rede municipal de Bento Gonçalves (RS), vítima de uma inaceitável perseguição política orquestrada por agentes públicos daquele município. Repudiamos veementemente a atitude do prefeito Diogo Siqueira e dos vereadores Volmar Giordani e Moises Scussel, que utilizaram de seus cargos para promover o afastamento do trabalhador e a abertura de uma sindicância baseada em suas publicações pessoais em redes sociais.

O caso, que veio a público em 18 de setembro, revela um grave atentado à liberdade de expressão e de pensamento. O professor foi alvo de uma campanha de difamação e linchamento virtual após compartilhar, fora de seu horário de trabalho, charges que satirizavam o discurso armamentista de um militante da extrema-direita norte-americana. As publicações, de caráter crítico e sarcástico, foram distorcidas e utilizadas de forma sensacionalista para acusar o docente de incitação à violência, criando um falso alarme entre pais, alunos e colegas de trabalho.

A ação da prefeitura de Bento Gonçalves, ao afastar o professor de suas funções, configura um claro ato de censura e intimidação. Trata-se de uma tentativa de silenciar vozes dissonantes e de coibir o debate crítico, utilizando a máquina pública como instrumento de repressão a posicionamentos políticos individuais. Esta ofensiva se insere em um contexto mais amplo de ataques da extrema-direita a profissionais da educação em todo o país.

É inaceitável que o direito à livre manifestação do pensamento, garantido constitucionalmente, seja cerceado por interesses políticos. Como bem aponta a moção do Sindicato dos Trabalhadores da USP (SINTUSP), a mesma extrema-direita que se arvora defensora da “liberdade de expressão” é a primeira a tentar calar e punir quem questiona suas ideias.

O professor perseguido relata que a atual gestão municipal tem um histórico de ataques ao funcionalismo público, com a retirada de direitos como o biênio e a licença prêmio, além de promover uma “campanha de ódio” contra a população em situação de rua e beneficiários de programas sociais. A perseguição ao educador, portanto, não é um fato isolado, mas parte de uma agenda política autoritária e avessa ao diálogo democrático.

A SINDUFFS se solidariza com o trabalhador da educação e se une às vozes que denunciam esta flagrante injustiça. Exigimos o arquivamento imediato da sindicância e a recondução do professor ao seu cargo. Não nos calaremos diante da criminalização do pensamento crítico e da tentativa de intimidação de educadores. A defesa da liberdade de expressão e da autonomia de pensamento é um pilar fundamental da democracia e da educação pública de qualidade.

Chapecó, 01 de outubro de 2025.

SINDUFFS – Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal da Fronteira Sul