A Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) vive dias de intensa mobilização. Diante do cenário nacional de frequentes ataques aos direitos trabalhistas e dos sucessivos cortes em programas sociais e no orçamento das áreas da educação e saúde promovidos pelo governo federal em nome de um ajuste fiscal, a comunidade acadêmica tem se mobilizado para fazer a resistência a estas medidas de austeridade que privilegiam somente a camada rica da população, os banqueiros e as grandes empresas.
A Seção Sindical dos Docentes da UFFS (SINDUFFS), o Sindicato dos Trabalhadores(as) Técnico-Administrativos em Educação de Universidades Federais (SINDTAE) e os estudantes estão promovendo debates sobre estes assuntos há algum tempo dentro da UFFS. O docente da UFFS, Leonardo Santos, diz que os estudantes dos campi de Laranjeiras do Sul e de Chapecó já promovem atualmente uma ocupação na UFFS e estão dialogando com os professores sobre a importância da categoria aderir a uma greve juntamente com os Técnicos Administrativos em Educação (TAEs), para reforçar a resistência aos ataques que a educação vem sofrendo. “Há algumas semanas atrás nós também realizamos uma paralisação conjunta na qual discutimos os impactos da PEC 241 e da reforma do Ensino Médio via Medida Provisória”, lembra ele.
Durante as últimas semanas, os docentes intensificaram a mobilização nos campi da UFFS. Reuniões dos núcleos de base da SINDUFFS, atividades de compartilhamento de informações e debates sobre a PEC 241, a Lei da Mordaça e os ataques aos direitos trabalhistas acontecem semanalmente nos campi da universidade, que existem nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
PEC 241
A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241, que já foi aprovada pela Câmara dos Deputados e agora segue para apreciação do Senado, pretende congelar os investimentos públicos pelos próximos 20 anos. Para Santos, a educação será prejudicada com o modelo proposto pela PEC, tendo em vista a demanda crescente de estudantes e de infra-estrutura necessária para garantir uma educação pública e de qualidade. “O congelamento irá impedir a criação de novos cursos, de novas vagas, de ampliação e finalização da estrutura já existente nas universidades. O salário dos professores ficará estagnado e por 20 anos não poderemos ter alterações significativas na carreira”, explica ele. Para além da educação, especialistas e economistas defendem que a PEC irá prejudicar outras áreas, como a saúde por exemplo. “Os únicos beneficiários serão os credores da dívida pública, que terão garantias que receberão os juros de dívidas que jamais foram auditadas no país.”
Greve Geral
As centrais sindicais nacionais estão convocando e articulando uma greve geral dos trabalhadores em todo o território brasileiro para o dia 11 de novembro deste ano. Como Seção Sindical do ANDES-SN, a SINDUFFS tem procurado seguir o calendário nacional de mobilizações. O ANDES-SN indicou que todas as Seções sindicais realizem assembleias para pautarem a deflagração da greve no início de novembro. Na UFFS, haverá uma assembleia geral dos docentes sobre o assunto, que acontecerá simultaneamente nos diferentes campi da universidade. A assembleia está programada para quinta-feira (03/11), com início as 16h. “Estamos em sintonia com a agenda nacional para se somar a todas estas lutas. Algumas universidades, como a de Pelotas, já aprovaram greve e estão paradas. Acreditamos que é fundamental uma articulação nacional para que tenhamos força para barrar a PEC 241”, afirma Santos.