Nota da Diretoria do ANDES-SN sobre a tragédia na cidade de Maceió e em outras regiões do Estado de Alagoas

O ANDES-SN vem a público se posicionar diante de mais um capítulo da trágica
história que acomete a cidade de Maceió e em outras regiões do Estado de Alagoas. Há

décadas marcada pela atuação inescrupulosa do capital na extração subterrânea de sal-
gema, ao menos desde 2018, sua população passou a experimentar o agravamento do

maior atentado minerário em contexto urbano do planeta. Uma tragédia que tem origem
nas necessidades de predação extrativa do capital, operado pela Braskem, que coloca o
lucro acima da vida. Suas práticas empresariais geraram instabilidade no solo e abalos
sísmicos em bairros populares da cidade, ensejando irreparáveis perdas para a classe
trabalhadora.

Há dias, sabe-se de tremores acometendo porções dos bairros voltados para a
franja lagunar da capital alagoana. Na última quarta-feira, dia 29 de novembro de 2023,
órgãos da Defesa Civil e a empresa causadora do irreparável dano ambiental e social
soltaram notas comunicando à população acerca do risco iminente de evento extremo,
com colapso da mina 18. Cinco bairros sofreram afundamento, foi decretado estado de
emergência e dezenas de milhares de atingidos e atingidas tiveram que deixar suas
moradias e locais de trabalho.

Além da perda de residências de centenas de pessoas, tal colapso resultará em
grave elevação do nível de salinidade da lagoa Mundaú. Como os alertas sobre o colapso
remontam a 2018, o que vemos é uma evidente falência dos protocolos de emergência
dos órgãos estatais. Não bastasse o episódio, traumático por si só, os órgãos
governamentais recusam-se a conceder aluguéis sociais de modo que as famílias possam
enfrentar esse momento de suas vidas com um mínimo de dignidade e amparo. O mesmo
vale às famílias trabalhadoras, de forma mais ou menos precária, que viram em um estalar
de dedos – ou em um estalar da terra – o cessar das perspectivas de reprodução de sua
vida.

Exigimos que o Estado tome todas as medidas necessárias para responsabilizar a
empresa que perpetrou tamanha tragédia – que segue inerte diante dos danos já mais do
que evidentes à população trabalhadora e ao meio ambiente alagoano. Exigimos que o
Estado tome todas as ações necessárias para mitigar o sofrimento dos moradores que
experimentam as agruras que resultam da ação criminosa da Braskem.

O sal das lágrimas do povo de Maceió tem culpa da Braskem!

Brasília(DF), 1o de dezembro de 2023.

Diretoria do ANDES-Sindicato Nacional