No dia 23 de abril, a página eletrônica do CNPq informou que haverá Chamada Pública para a concessão de 25 mil bolsas do Programa Institucional de Iniciação Científica (PIBIC), que devem vigorar entre agosto de 2020 e julho de 2021. No entanto, afirma que essas bolsas serão destinadas às áreas prioritárias, apenas aquelas já definidas pelo MCTIC por meio das Portarias nº 1.122, a saber: Tecnologias estratégicas; Tecnologias habilitadoras; Tecnologia de produção; Tecnologias para o desenvolvimento sustentável e Tecnologias para qualidade de vida.
Às Ciências Humanas e Sociais compete um parágrafo condicionando os projetos apresentados àqueles que contribuam para as áreas consideradas prioritárias pelo atual governo. “São também considerados prioritários, diante de sua característica essencial e transversal, os projetos de pesquisa básica, humanidades e ciências sociais que contribuam, em algum grau, para o desenvolvimento das Áreas de Tecnologias Prioritárias do MCTIC e, portanto, são considerados compatíveis com o requisito de aderência solicitado”, diz o CNPq.
A medida tem causado reação nas redes sociais e indignação entre os profissionais e estudantes das áreas de Ciências Humanas e Sociais, que consideram a ação governista mais uma vertente de um projeto obscurantista que se recusa ao debate e à análise da realidade social brasileira.
Para Marina Tedesco, presidente da ADUFF, a ação do governo é absurda e desrespeitosa. “Desenvolveremos produtos e tecnologias, mas não vamos pesquisar a Educação; a nossa História? Seremos uma população sem acesso à emancipação através da Cultura e da Arte? Nossa população não está voltada para o atendimento Social?” – indagou a docente do curso de Cinema.
Para ela, a medida é expressão do projeto de sociedade criacionista e negacionista que o Bolsonaro e todo o governo dele defendem. “Vamos denunciar e ir contra isso de todas as maneiras que pudermos. Um país q não se desenvolve em todas as suas áreas está destinado a ser um país dependente e desigual. Se pesquisarmos Tecnologia, mas não a Sociedade, continuaremos a ser violentos e desiguais.
Importante lembrar que recentemente Jair Bolsonaro demitiu o presidente do CNPq, João Luiz Filgueiras de Azevedo, sob os rumores de divergiam em relação à forma como tem sido conduzida produção científica no país.
O novo presidente da agência de fomento ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, é o pesquisador e agrônomo Evaldo Ferreira Vilela, ex-reitor da Universidade Federal de Viçosa e atual presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).
Desde o início da gestão de Jair Bolsonaro, sindicatos e a comunidade científica vêm denunciando o agravamento dos cortes de recursos públicos em pesquisa no país e criticado o desmonte do setor.