O reitor eleito do Instituto Federal do Rio Grande do Norte José Arnóbio de Araújo Filho não conseguiu fugir do clichê: “foi a vitória da democracia”. E de fato não há como reagir de outra maneira. Num momento em que setores da sociedade reivindicam a volta da ditadura militar, o respeito ao processo democrático tem que estar na ordem do dia.
Dez dias depois do Ministério da Educação ignorar o resultado da eleição para reitor do IFRN, onde José Arnóbio foi o candidato mais votado com 48,25% dos votos, e nomear um interventor que sequer participou da disputa, a Justiça suspendeu a intervenção, determinando ao MEC que nomeie o reitor eleito pela comunidade.
A juíza da 4ª Vara Federal do Rio Grande do Norte Gisele Maria da Silva Araújo Leite atende a uma ação popular ajuizada pela estudante do IFRN Sofia Hazin Pires Falcão.
Para Arnóbio de Araújo, a data da decisão judicial – 1º de maio – também é especial. O dia dos trabalhadores significa, para ele, a retomada dos trabalhos e dos projetos que pretende desenvolver à frente do IFRN:
– É simbólico que nossa vitória tenha sido dia 1º de maio. Para mim e para todas as pessoas que estão conosco representa uma retomada e a vitória da democracia, mas de toda a sociedade diante de tudo isso que estamos vivendo. É um grito de esperança, outro caminho”, diz.
Arnóbio espera ser nomeado até a próxima terça-feira (5). Na decisão judicial, o MEC tem 24 horas para cumprir a determinação a partir da notificação, o que em razão do feriado nacional deve acontecer na segunda-feira (4).
O reitor eleito também destaca que a decisão estabelece a harmonia da instituição. Isso porque desde a portaria do MEC nomeando o interventor, a maioria dos estudantes, professores e servidores técnicos se uniram em protestos nas redes sociais contra o golpe.
– A instituição está praticamente paralisada e com essa decisão eu espero que a Justiça possa reestabelecer a harmonia do IFRN, para que a gente possa colaborar mais ainda em relação a Covid-19, essa luta que teríamos que estar fazendo esse momento”, afirmou.
O telefone do José Arnóbio de Araújo não parou desde a decisão foi divulgada. Algumas mensagens o emocionaram, como a avó de um estudante que lhe parabenizou sem nem conhecê-lo pessoalmente.
– Recebi áudios de alunos, pessoas que não me conhecem presencialmente, uma coisa que chega emociona. Eu não não sou personalista, estou representando a Instituição nesse momento. Agora mais do que nunca precisamos de unidade, fazer o bom combate. Meu celular não parou. O pessoal está muito alegre com o que aconteceu e isso nos dá um alento muito grande, mostra que a luta travada nessas duas semanas não foi em vão. A Justiça seja restabelecida”, concluiu.