O ANDES-SN esteve, ao lado de outras entidades classistas, na linha de frente do enfrentamento ao governo Bolsonaro, tanto no que diz respeito à defesa da democracia ameaçada, quanto no que diz respeito à defesa da educação pública e das Instituições de Ensino Superior. Tendo em vista essas pautas, o ANDES-SN apoiou, no segundo turno, a candidatura de Lula para Presidência, mantendo nossa independência de classe, com a expectativa de que haja uma reversão nos retrocessos promovidos nos últimos anos.
Nesse sentido, acompanhamos com atenção e preocupação a recente indicação de Denise Pires de Carvalho para a Secretaria de Educação Superior (SESU) do MEC. A atual reitora da UFRJ, em sua trajetória, nem sempre se pautou pela defesa intransigente da democracia e da autonomia da Universidade pública.
É preciso recordar que a professora começou sua carreira política no final dos anos 1990, ocupando função gratificada na gestão Vilhena, ou seja, atuando como colaboradora de uma intervenção na UFRJ. Recentemente, pouco após sua eleição para Reitoria da UFRJ, fez uma visita de cortesia ao gabinete do fascista Flávio Bolsonaro, com o qual posou para fotos amplamente divulgadas. Sintomaticamente, ao longo de sua gestão, vem tocando pautas caras ao governo que findou mandato em dezembro passado.
Avançou na entrega do Hospital Universitário à EBSERH, então presidida por um general bolsonarista, demonstrando a disposição de usar a gravíssima crise sanitária como oportunidade para aprovar medidas polêmicas. O espírito privatista de Bolsonaro-Guedes encontrou mais um eco no leilão de grande área do campus Praia Vermelha, medida aprovada às pressas no CONSUNI, sem consulta às unidades que lá desenvolviam atividades acadêmicas, nem recurso a instrumentos democráticos de consulta popular. Toda essa ambivalência na relação com o governo chegou a se traduzir em nota pública oficial denunciando integrantes da UFRJ que criticavam Bolsonaro, avaliando como “inadequada a instalação do painel no referido campus” por parte de entidade sindical.
A indicação de Denise Pires de Carvalho ocorreu na mesma semana em que a mesma promoveu uma segunda rodada de leilão da área do campus Praia Vermelha, reforçando o caráter privatista que marcou sua gestão, incongruente com o que se espera para a educação superior do governo que acaba de assumir. Igualmente vemos com preocupação outras indicações para compor a equipe do MEC e que possuem a mesma tendência, como já publicizado por entidades afins.
O ANDES-SN permanecerá alerta e combativo na defesa de uma universidade pública financiada com recursos públicos, recusando-se a se curvar a qualquer projeto que defenda a retirada de direitos da nossa classe.
Brasília (DF), 16 de janeiro de 2023.
Diretoria do ANDES-Sindicato Nacional