Recentemente, e para surpresa de muitos, os docentes da UFFS receberam um E-mail de uma entidade sindical chamada APUFSC se autoproclamando a entidade representativa de todos dos professores de nossa universidade.

Diante disso, queremos abrir um debate sobre nossa organização enquanto categoria profissional. Considerando que:

  1. Entendemos que a organização sindical de nossa categoria é um desafio de grande importância. Precisamos dar respostas a problemas que dizem respeito três dimensões centrais: a) a defesa de nossos interesses trabalhistas. A luta por salário, plano de carreira, condições de trabalho, e todas as questões necessárias para que possamos executar com qualidade nossas atividades profissionais, uma vez que prestamos um serviço de grande importância para a sociedade. b) a defesa intransigente de uma concepção de universidade pública pautada pelo tripé ensino-pesquisa-extensão, que atenda os interesses da sociedade e responda aos desafios da produção de conhecimento, ciência e tecnologia. Para tanto, a busca de uma verdadeira autonomia universitária, garantia necessária para que não fiquemos reféns de interesses privados, mercantis ou ainda político-conjunturais de governos de turno. A universidade pública é de importância estratégica para a sociedade brasileira. c) a construção de nossa jovem universidade, que deve partir dos elementos apontados acima mas não se limitar a estes. O perfil que a UFFS se propõe a assumir, resultado de forças sociais e populares mobilizadas na região da Fronteira Sul, não está em nada garantido e, para tanto, não pode prescindir do papel do corpo docente organizado e mobilizado.

  1. Entendemos que nossa categoria profissional não se resume à UFFS. Fazemos parte de um conjunto distribuído por todo o país, e muitos dos problemas que enfrentamos aqui estão sendo enfrentados por colegas em outras universidades. Estamos, todos, submetidos ao MEC e ao governo federal. Consequentemente, qualquer iniciativa de defesa dos nossos interesses precisa estar articulada com os colegas professores de outras universidades sob pena de ser inócua. Neste sentido, reivindicamos a entidade sindical que representa a maioria esmagadora dos docentes das universidades públicas deste país, o ANDES-SN. O ANDES organiza de forma democrática o conjunto dos docentes em escala nacional. Possui um histórico de luta em defesa dos interesses dos professores e da Universidade Pública. Demonstrou imensa legitimidade e respaldo junto aos docentes ao longo de toda sua história e está marcado pela sua autonomia e independência dos governos de turno.

  2. Entendemos que uma entidade que se proponha a organizar, representar e defender os interesses de uma categoria de trabalhadores não pode se pautar pela lógica burocrática, assistencialista e despolitizada. Um sindicato de verdade precisa ser construído, não pode se autoproclamar, por E-mail, representante de todos através de seu “comitê gestor”. Da mesma forma, não pode se abster de apresentar um programa de reivindicações, bandeiras de luta e, acima de tudo, formas de diálogo e mobilização de seus membros como assembleias, reuniões, cartas, documentos, etc. Ou seja, precisa estar na base e ser constituído pelos próprios professores.

  3. Entendemos que o SINDUFFS – sessão sindical do ANDES-SN, é coerente com o acima exposto. Com muitas limitações e dificuldades, estamos iniciando uma construção que já deu provas de seu compromisso e coerência. Nossa entidade foi fundada em assembleia. Logo após tivemos de responder ao colossal desafio posto pela maior greve nacional da história de nossa categoria. Enfrentamos pressões hostis e mesmo ameaças vindas deste o MEC até nossa reitoria. Atuamos em mobilização e diálogo permanente com os professores dos campi. Garantimos nossa representação no Comando Nacional de Greve em Brasília. Mas acima de tudo, quando os docentes da UFFS desejaram sair da greve, conseguimos realizar uma saída coletiva e organizada. No atual momento estamos finalizando os processos legais e administrativos para encerrarmos a atual gestão provisória entregando aos professores uma entidade minimamente estruturada. Queremos ressaltar que tudo isso foi feito mediante o esforço voluntário dos membros desta diretoria provisória em conjunto com diversos outros professores engajados na construção de nosso sindicato, lidando com adversidades como a falta de recursos financeiros dos quais ainda não dispomos.

Por todas estas razões queremos reivindicar o SINDUFFS como a única entidade sindical representativa dos professores da UFFS. Dizemos com tranquilidade que ainda não conseguimos cumprir com todos os objetivos de um sindicato verdadeiramente atuante. Mas não nos abstemos de defender os importantes passos que já foram dados, dentre eles o método democrático, particularmente presente durante a greve. Nossa ousadia e habilidade de se enfrentar com o MEC e a reitoria quando foi necessário e dialogar cordialmente quando foi possível. Nosso esforço por construir nossa articulação nacional, que passou pelo ANDES-SN e o CNG. Mas o mais importante, reivindicamos um perfil de atuação sindical cujo embrião está sendo plantado na UFFS, combativo, politizado e democrático. Em última instância, temos o imenso orgulho de poder dizer que o SINDUFFS já é maior que a sua diretoria provisória. O SINDUFFS somos todos os professores da UFFS. E para continuar avançando na sua construção chamamos a todos os nossos colegas de trabalho a se somarem nessa empreitada.

Somos todos SINDUFFS, somos todos ANDES-SN